#UMAFUGA: Vertical 8

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    Amor,


       Talvez a última vez que te chame assim, como falei da última vez; mas como todo bom louco, temo que de mentiroso também tenho um pouco. Há oito dias acabamos, após aquelas 3 arduosas horas presos no trânsito, você saltou do carro e como a fumaça de um cigarro a se apagar, dissipou-se pela existência (ao menos da minha), naquela sórdida noite .


       Todavia, 6 anos não são 6 dias e eu admito, eu estou perdido. Você é essa cidade, cada rua e luz pelo caminho sombrio pelo qual me sigo a me afundar. Eu vejo nosso reflexo em cada casal apaixonado, pensando onde se perderam os sentimentos de carinho, onde nosso laço rompeu-se de tal jeito que simplesmente, não deu mais. Você é tudo e tudo é você, és até o lodo correndo pelas minhas pútridas veias, de modo a funcionar como meu antídoto e veneno; meu anjo mais puro, entrelaçado com mais um dos demônio da minha sádica cornucópia mental de vozes vis.


       Eu te amo, e me perdoe por todas as vezes que deveria ter-lhe dito seguido de um beijo na sua testa, e um abraço; temo que tal conforto só hei de sentir novamente quando confortado pelas almofadas de meu leito eterno, ou quando os químicos te trouxerem de volta para meus corredores.
       Agora, creio que sou apenas uma carcaça de vidro trincado, irreparável, com um rombo  violento no peito; arte fina perpetrada com uma faca cerrada cega, tanto quanto eu nesse mar obsoleto de dormência gélida.


       Eu me arrependo dos buquês que não levei, e das danças que perdemos. Da família que nunca teremos. E em queda livre me encontro nesse poço sem fundo, cada porrada das paredes rochosas escarificando me a pele cada vez mais fundo, quebrando o resquício de bom que me sobrava. “Agora acabou, e meu mundo cai sobre mim. Eu nunca esperei estar aqui sozinho. As sombras se formam mediante explodimos em chamas. Porque estamos acabando assim?”


       Eu te amo, do fundo do meu coração frio e opaco e como me dói não ter durado nosso eterno. O que me resta são nossas lembranças. Seu sorriso de meia bochecha e a famigerada “dancinha da comida” quando chegava seu prato favortio chegava, o jeito como você descansava seu rosto cansado no meu peito, entrelaçadps em nosso abraço casa. Me restam os poemas (escritos e interminados), sobre a melhor coisa que já aconteceu em minha arduosa vida pífia, assim como os filmes a se lembrarem, com pipocas voando mediante nossas risadas.


       Você sempre será a lembrança (mesmo que as vezes laceada com nostalgias cruéis) masi linda que terei, de tempos melhores e de um amor sincero; e eu temo que tornar-me-ei apenas em um fantasma, nem digno de recordação, apenas uma efêmera ilusão.


       “Eu ainda te desejo a melhor sorte possível, e por favor não pense que isso foi uma perda de tempo. Eu não conseguiria te esquecer nem se eu tentasse. Acabou-se o resto de bondade que havia em mim, eu estou tão cansado, deixe-me apenas estar quebrado (…) Há um buraco no meu coração onde você costumava estar”


       Me desculpe por tudo, e tente esquecer de meus pecados o máximo possível, guarde alguma lembrança boa de nosso tempo junto, um motivo para se lembrar com carinho e sendo ousado, quiçá até com um certo grau de saudade.


       Você sempre viverá na melhor parte do meu coração, e com um último beijo (se me permite), esvazio um dos pentes da minha metralhadora de mágoas.


       Conte com um amigo em mim sempre,

                                                                                                                                          Um homem destruído.

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