Nesta quinta-feira, 11/02, o Repórter Record Investigação traz um retrato do avanço devastador do crack, principalmente entre os jovens mais pobres que vivem em cidades pequenas do Nordeste. Um cenário desolador de vidas e famílias arruinadas pelas droga e por ameaças de morte dos traficantes.
Atualmente o país não tem nenhuma pesquisa sobre o número de usuários em municípios com menos de 30 mil habitantes. O estudo mais completo foi divulgado em 2013 pela Fiocruz, do Rio de Janeiro. A região nordestina concentrava, na época, quase metade dos dependentes.
O programa foi para o interior do Nordeste para mostrar como as famílias enfrentam esse problema e se existe amparo social aos que precisam de ajuda. A equipe ainda revela que os jovens acabam se endividando com os traficantes e muitos deles são jurados de morte e assassinatos.
De Carlos Alexandre, só sobraram as lembranças gravadas em imagens e a dor profunda da mãe. “Se eu internasse meu filho, hoje ele não estaria debaixo da terra”, diz Dalva. Ela tentou de tudo para afastar o filho do crack, que ele descobriu ainda criança. O jovem vendeu botijão, ventilador e ferro elétrico para usar pedra. Para mantê-lo longe das drogas, ela o acorrentou ao pé do sofá da sala, mas não adiantou. Dois meses depois, ele fugiu e foi assassinado em seguida. “Eu sabia que ele iria ser morto, tinha certeza”, confessa a mãe.
Nataly, de 17 anos, também é dependente. Sua mãe passou madrugadas em claro, percorreu favelas, lidou com traficantes. Tudo para descobrir o paradeiro da menina, também ameaçada de morte por traficantes. “Entrei em lugares onde não deveria para resgatar minha filha. Sempre pedi ajuda, mas nunca consegui interná-la”, desabafa a mulher, que prefere não se identificar.
O programa também vai contar a história de um casal que vive em função do álcool e do crack. Francisco e Meirinha deixam de comprar comida para usar droga, muitas vezes na frente das crianças. “Eu não deixo meus filhos jogados. Minha mente está sempre pensando neles”, tenta justificar Francisco.
E ainda o caso da mãe aliviada com a prisão do filho. Ascelina se viu obrigada a se afastar de seu caçula. Por causa do crack, o jovem ficava incontrolável, quebrava a casa e agredia a mãe. Hoje, ela está mais segura com ele na cadeia. “Tudo o que você pode imaginar que um filho pode fazer de ruim para uma mãe meu filho fez”, revela.
A reportagem é de Romeu Piccoli, Gisele Barbieri e Michel Mendes. A edição é de Ivandra Previdi.
O Repórter Record Investigação vai ao ar nesta quinta-feira às 22h45. A apresentação é de Adriana Araújo.
