São Paulo, SP 1/2/2022 –
Interromper o uso de plástico provavelmente seria prejudicial para o bem-estar humano e ambiental.
Estudo iniciado em 2013 pelo Laboratório de Sistemas Avançados de Gestão de Produção da Universidade Federal do Rio de Janeiro mostra que, na primeira década deste século, o uso de componentes feitos de plástico na frota brasileira de automóveis evitou a emissão de 126,5 milhões de toneladas de CO2eq; relatório científico ambiental aponta outras vantagens do plástico em relação a materiais alternativos.
O relatório Plastics and Sustainability, de outubro de 2021, publicado pelo cientista ambiental e diretor do instituto canadense Fraser Institute, Kenneth P. Green, traz uma perspectiva diferente para a discussão sobre sustentabilidade e o mundo que será deixado para as futuras gerações.
Ele sugere que avaliar a sustentabilidade dos plásticos requer uma perspectiva abrangente, holística e histórica, bem como a consideração dos impactos ambientais, econômicos e sociais da ampliação do uso de materiais alternativos em detrimento do plástico.
Avaliações científicas sobre o ciclo de vida do plástico e de materiais alternativos, como o vidro e o alumínio, por exemplo, indicam que o plástico apresenta uma pegada de carbono menor, tornando-o a opção mais sustentável em diversas aplicações. De acordo com o Google, produzir alumínio é uma das atividades que mais demandam energia e mais poluem o planeta, gerando 175 milhões de toneladas de resíduos tóxicos e emitindo cerca 861 milhões de toneladas de CO2 todos os anos.
Já o plástico é leve, resistente, requer pouca matéria-prima para sua produção, contribui para a redução do desperdício de alimentos, uma das principais causas da intensificação do efeito estufa, responsável por 8% a 10% das emissões totais, conforme relatório sobre mudanças climáticas da ONU, além de ser amplamente reciclável, seja mecânica ou quimicamente.
Desafios para o futuro
Kenneth aponta que implementar políticas de restrição ao uso de plástico, como bani-lo ou substituí-lo por outros materiais geraria impactos negativos ao meio ambiente e ao avanço da sociedade. Porque, ainda que seja um material novo na humanidade e tenha uma curta história na fabricação de bens de consumo, o plástico se tornou essencial para sustentar sociedades prósperas e tecnológicas. “Sugestões para interromper o uso de plástico provavelmente seriam prejudiciais para o bem-estar humano e ambiental”, defende.
Por outro lado, reconhece a falta de valorização adequada do plástico e de toda a cadeia produtiva como um dos motivos pelos quais os índices de reciclagem plástica em todo o mundo estão abaixo do necessário. No entanto, insiste que a recuperação completa dos monômeros plásticos através da reciclagem faria com que a sociedade se aproximasse dos desejados conceitos atuais de sustentabilidade ambiental. Este, conclui Kenneth, é um dos principais desafios para um futuro de desenvolvimento econômico e social em harmonia com o meio ambiente: dar o devido valor ao plástico pós-consumo para que este chegue em maior volume à reciclagem.
Outro desses desafios é a criação de mecanismos que garantam que o aprendizado e a correção dos impactos causados pela relação das sociedades humanas com o plástico possam se desenvolver, como a economia circular, uma das razões da existência de iniciativas como o Movimento RePEnse.
Relatório na íntegra (em inglês): www.politico.com/f/?id=0000017c-b8e0-df97-a9ff-bcff43c30000
Website Movimento RePEnse: www.repense.eco.br
Website: //www.repense.eco.br