17/1/2022 –
A alimentação saudável é uma área de crescente interesse que possui relação com o bem-estar mental.
Os transtornos mentais possuem tratamento e diagnóstico delicado e são hoje área de aprofundamento da nutrição clínica. A identificação dos rompantes metabólicos deflagrados pelo transtorno mental fazem parte da intervenção nutricional atualizada.
Saúde mental, segundo a Organização Mundial da Saúde, é referente principalmente à capacidade do indivíduo perceber suas próprias habilidades, se sentir produtivo e frutífero para a sociedade como um todo.
O mundo, principalmente após o advento da pandemia de Covid-19 apresenta cada vez mais pacientes com distúrbios como depressão e ansiedade. O modo de vida moderno requer constante atualização e mudança, o que faz com que algumas pessoas se sintam pressionadas.
Essas situações de alto estresse ativam um sistema de recompensa que é responsável pela produção de endorfina e serotonina, e normalmente, a atividade prazerosa mais fácil é comer algum alimento saboroso.
Então cria-se um círculo vicioso, onde através de alimentos ricos em açúcar o paciente tem alterações glicêmicas importantes que favorecem um estado pró-inflamatório e também alterações de humor.
Alimentação saudável e saúde mental
O cérebro humano é uma estrutura de funcionamento complexo e que possui uma forte barreira hematoencefálica que bloqueia a entrada da maior parte dos medicamentos.
Apesar de pesar apenas em média 2% do peso corporal, ele é responsável pelo consumo de 25% das calorias ingeridas.
Para manter o equilíbrio, o cérebro necessita de hidratação, energia e substratos adequados, estes últimos provenientes também da alimentação. Em uma situação de alto estresse emocional, ou profunda tristeza, o cérebro estimula a produção de diversos hormônios que possuem atividade sistêmica.
A alteração de hormônios como cortisol, T4, estrogênio, testosterona e melatonina influenciam diretamente a saúde do paciente, e não são incomuns no achado patológico mental.
Uma alimentação que consiga fornecer todas as bases nutricionais para um funcionamento metabólico adequado é essencial nesses casos, já que o consumo de nutrientes neuroativos como o triptofano pode ser obtido através dos alimentos.
Principais transtornos e nutrição
Alguns transtornos mentais têm relação direta com a alimentação ou a maneira de se alimentar e suas particularidades. Entre tais transtornos estão:
Bulimia – normalmente associada a um quadro de autoimagem distorcida. O paciente provoca vômitos após se alimentar, para não absorver as calorias. Detalhes na avaliação nutricional, como evitar o constrangimento na aferição do percentual de gordura desses pacientes são aconselháveis.
Depressão – A depressão é um dos transtornos mentais mais comuns da atualidade, e possui resultados melhores quando abordada por uma equipe multidisciplinar. Uma alimentação saudável reduz em mais de 25% as chances de se desenvolver um quadro depressivo.
Ansiedade – A ansiedade é um transtorno que tem relação com a maneira de se relacionar com os ambientes e situações, a alimentação tem grande potencial para interferir nessas interações como, por exemplo, na utilização de compostos calmantes, ou ao contrário, estimulantes.
Vigorexia – Mais comum no sexo masculino e associado ao uso de anabolizantes. O praticante de musculação cria uma autoimagem distorcida em que está sempre menos musculoso do que a realidade, optando por estratégias nutricionais extremas.
Os alimentos e a saúde mental
Uma analogia simples de ser feita é ver os alimentos como se fossem combustível para o corpo, nesse contexto a qualidade e variedade de nutrientes ofertados pode ser decisiva no bom funcionamento cerebral.
O segmento de nutracêuticos relacionados à saúde mental é grande e conta com uma grande variedade de suplementos que podem ser utilizados, porém, a maior parte dos benefícios de uma boa nutrição pode ser colhida através de uma boa alimentação.
Alguns alimentos já são há vários anos objeto de pesquisa no tratamento de distúrbios mentais, alguns exemplos são:
Iogurte – O consumo de iogurte, kefir ou prebióticos fermentados contribui para uma biota intestinal saudável, a interação entre a saúde intestinal e cerebral é cada vez mais estudada e observada.
Nozes/Peixes – Já conhecido pelos seus benefícios na saúde cardiovascular e longevidade, seu consumo frequente é benéfico para o cérebro além de contribuir como potente antioxidante e anti-inflamatório.
Chá verde – O consumo de chá verde pode ajudar na melhora dos níveis de energia e concentração, além de ser um excelente termogênico e anti-inflamatório.
Chocolate 70% – O alto nível de flavonóides presentes no cacau age como potente protetor cerebral e está presente em pesquisas na prevenção do Alzheimer.
Vinho tinto – O consumo de bebida alcoólica pode não ser recomendado dependendo da patologia e medicação em uso, contudo suas propriedades antioxidantes e relaxantes podem ser exploradas.
Semente de abóbora – A semente de abóbora pode ser consumida torrada na forma de snacks ou em outras preparações, riquíssima em magnésio e zinco é muito utilizada para alterações de humor.
Ofertar alimentos que deem as ferramentas necessárias para reestruturar o funcionamento metabólico é um elemento de extrema importância tanto na prevenção, quanto no tratamento de distúrbios mentais.
Uma má alimentação, rica em produtos industrializados, açúcares e gorduras, cria um um ambiente inflamatório ideal para o aparecimento de doenças e pode tornar a pessoa suscetível a doenças mentais.
A alteração da autoestima ou distorção da propriocepção é um fator importante no desencadeamento de doenças mentais como a depressão e a ansiedade. Entender o paciente de maneira integral, ou seja, observando suas particularidades e facetas, é essencial para uma abordagem nutricional mais eficiente.
A nutrição e a psique estão intimamente relacionadas, além da memória olfativa ser uma das mais fortes do ser humano. Esses fatores são suficientes para a elaboração de planos eficientes que tornem a experiência de adequação nutricional prazerosa e produtiva.
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