São Paulo 17/11/2021 –
Detecção do vírus Sars-Cov-2 no tecido periodontal pode contribuir para o agravamento do quadro de saúde do paciente em tratamento
O cuidado com a saúde bucal deve ser rotineiro: escovação, uso do fio dental e enxaguante bucal, quando indicado. O cuidado no consumo dos alimentos também contribui para manter a higiene adequada da boca, mas, em casos de descuido, pode favorecer a gengivite.
Também conhecida como inflamação gengival, a gengivite é bastante frequente e pode ser facilmente identificada quando o indivíduo tem sangramento sem motivo aparente na gengiva, dores, alteração de cor na gengiva, mau hálito e até inchaço. Todos são indicativos de que algo não está bem.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 90% da população sofre com gengivite. E, em tempos de pandemia, é necessário dar ainda mais atenção à higiene bucal. A detecção do vírus Sars-Cov-2, que provoca a covid-19, no tecido periodontal, ou na gengiva, pode contribuir para o agravamento do quadro de saúde do paciente em tratamento. O fluido gengival que compõe a saliva pode aumentar a chance de disseminação dessas bactérias, que podem ser inaladas e infectar os pulmões, principalmente entre os pacientes que utilizam aparelhos de ventilação.
“A gengivite é a inflamação do tecido periodontal de proteção que pode evoluir para periodontite, atingindo os tecidos de sustentação que têm o potencial de fazer com que haja a perda dos dentes. Essa inflamação gera no organismo uma reação sistêmica que tem potencial de favorecer as doenças como diabetes, hipertensão, alterações cardiovasculares e pulmonares como a asma, pneumonia e a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), assim como pode significar ou colaborar para um pior prognóstico do paciente em caso de covid-19”, comenta Luciana Scaff Vianna, membro da Câmara Técnica de Periodontia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP).
Também prevalente na saúde bucal é a retração gengival, que consiste na mudança de posição da gengiva por conta da perda dos tecidos de sustentação, causando a exposição da raiz do dente. Estima-se que metade da população do planeta com idade entre 18 e 65 anos apresente ao menos um dente com esse recuo. Outro dado que chama a atenção é que uma a cada três pessoas, com mais de 30 anos, apresenta ao menos dois dentes comprometidos pela retração. Os dados foram divulgados no Journal of Dentistry.
“A recessão ou retração pode afetar uma ou várias faces dos dentes. Quando afeta a parte anterior pode comprometer a estética, pois é mais visível no sorriso e na fala. E quanto maior a extensão e número de faces atingidas, pior o prognóstico e tratamento. Além disso, a exposição das raízes pode causar sensibilidade, gerando prejuízo na alimentação e ainda maior risco de cáries nas raízes mais expostas”, frisa a cirurgiã-dentista.
O tratamento da retração gengival dependerá da causa e da situação em que se encontra o tecido, podendo ser apenas controlado por meio da escovação ou raspagem subgengival, para a retirada do tártaro.
Em alguns casos, quando a doença está mais avançada, é necessário fazer uma cirurgia para a reconstrução do tecido ou o preenchimento do volume gengival.
A recessão gengival e a gengivite, em suas fases iniciais, nem sempre são perceptíveis, por isso, é recomendável consultar um cirurgião-dentista periodicamente, para que o especialista possa indicar a melhor forma de controlar o problema. O diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento podem representar uma melhor eficiência no resultado, sem gerar grandes transtornos ao paciente.
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