São Paulo (SP) 3/9/2021 – Bom funcionamento da retaguarda física do comércio online é fundamental para o sucesso dos pedidos iniciados via e-commerce
Avanço do comércio online aumenta a pressão sobre a operação do varejo para manter a qualidade e a precisão das entregas. Empresários e especialistas apontam na direção de novas tecnologias capazes de integrar as operações do chão de loja à demanda dos canais digitais.
O comércio online bate recordes no Brasil. Cresceu acima de 30% no primeiro semestre deste ano no país e os principais motivos do avanço são não sair de casa para fazer compras (73%), promoções (52%), economia de tempo (47%), rapidez na entrega (38%) e facilidade de uso (35%), conforme pesquisa da Ebit-Nielsen. Tamanho vigor evidencia que o avanço do e-commerce vai além do dilema entre vendas físicas e digitais como fronteiras para o crescimento. Indica que os dois mundos parecem caminhar para se integrar cada vez mais, com todos os riscos e oportunidades envolvidos.
Em 2020, 79,4 milhões de consumidores compraram no e-commerce, 29% acima de 2019, segundo a Ebit-Nielsen. Dos 13,2 milhões de novo compradores, 83% indicaram que repetiriam as compras digitais. No ranking das 300 Maiores Empresas do Varejo Brasileiro, desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), saltou de 54% para 70%, em apenas 12 meses, o volume de empresas que vendem online. “O grande destaque ficou para os supermercados, em que, pela primeira vez, mais de 50% das empresas da lista está online”, informa a SBVC.
Apesar da força das vendas e da performance de dentro para fora do varejo, uma série de desafios continua em aberto da porta para dentro das operações digitais. As reclamações contra compras online de 2019 para 2020 cresceram 285%, de acordo com o Procon-SP, para todos os tipos de varejo. Para analistas, o setor estava mais preparado para vender do que para entregar, o que soa natural diante do impacto da pandemia da COVID-19 nos negócios. As principais queixas foram atraso ou não entrega do produto conforme a compra, além da cobrança indevida.
O fenômeno é mundial e afeta em cheio o varejo alimentar. Empresários e especialistas miram na tecnologia como fonte das respostas. “O futuro do varejo online está em constante evolução. Nunca chegaremos realmente ao estado final. As tecnologias que são incipientes ou caras hoje continuarão a evoluir e se tornarão mais acessíveis. As expectativas do consumidor continuarão a aumentar, alimentadas por novos experimentos, como o on demand delivery (entrega sob demanda), que está recebendo enormes níveis de capital de risco”, explica o diretor de Varejo Global da Bain & Company, Marc-André Kamel.
Livros publicados sobre o varejo já aprofundam esse debate. “O mundo físico reflete o mundo virtual, e vice-versa. É dinâmico. Sem a capacidade de manter funcionais os estoques, depósitos comuns ou dedicados como as dark stores sem a etapa essencial do picking, que localiza e separa mercadorias, apenas para citar aspectos principais, não há venda digital”, registra o livro Os rumos do varejo no século XXI, Pandemia e Transformação, que integra a coleção Varejo em foco, lançada em agosto pela Editora Poligrafia.
Autor do livro, o empresário Irineu Fernandes conta que o desafio, a partir de agora, gira em torno de como integrar os mundos físico ao virtual de forma eficiente e lucrativa. Ele explica que o bom funcionamento da retaguarda física do comércio online é fundamental para o sucesso dos pedidos iniciados via sites, aplicativos ou outra origem digital, junto à logística adequada e entrega rápida das encomendas. Fernandes acompanhou a evolução da tecnologia no país nos últimos 50 anos e há 20 anos fundou a GIC Brasil, voltada a soluções para o varejo alimentar.
A empresa lançou este ano o sistema MESK, voltada à operação física envolvida depois da interface da compra com o cliente. O sistema permite a gestão automatizada de etapas do varejo alimentar como o recebimento de mercadoria, armazenagem de produtos, separação de itens, ressuprimento de mercadorias, expedição das encomendas e inventário de estoque. Na prática, padroniza processos, cria roteiros para o picking (coleta e separação de produtos), organiza a força de trabalho e dinamiza o fluxo interno.
Os desafios seguem mobilizando o varejo alimentar. A quinta edição da Live Supermeeting ABRAS (Associação de Supermercados Brasileiros) reuniu executivos da indústria e do varejo em torno do assunto e das perspectivas para o segundo semestre deste ano. Agora, a entidade parte para a realização, nos próximos dias 20 e 21 de setembro, da Convenção ABRAS 2021. Um dos temas será justamente o uso de uma plataforma digital para os negócios do setor. “Para acompanhar os novos hábitos de consumo e atender às demandas do mercado, a ABRAS discutirá o uso de marketplace pelo setor a partir da filosofia da coopetição, cooperação entre competidores”, informa a associação de supermercados.
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