Nós vivemos numa sociedade de pessoas quebradas e inseguras, que enxergam o mundo por estilhaçadas lentes negras, buscando tanto preencher esse vazio no coração, que pintam cores distorcidas, na esperança de uma aprovação externa; medida por likes, controlada por comentários ocos.
Mas de verdade, eu lhe pergunto, quais são as verdadeiras cores dos seus olhos? Da sua alma? Você realmente é os sorrisos frutos de tentativas frustradas? As poses ensaiadas com frases motivacionais de legenda, buscando conforto em palavras e emojis vazios na tela do seu celular? É raro achar alguém que está contente com quem é hoje em dia.
Mas a solidão não some quando a noite vem te ceifar, some? Todos os números de amigos e likes só alimentam a frustração de que, no fim das contas, muita gente te conhece, mas poucos sabem quem você é. E esse mar superficial que cada vez mais pessoas resolvem mergulhar, continua a afundar cada vez mais vidas.
No fim das contas, quem é você? E qual das máscaras que você prega no seu rosto, a custo de sangue e da sua essência, representam realmente suas cores verdadeiras? Todos nós mentimos, e não vou ser hipócrita em dizer que não me escondo atrás de falsos sorrisos também, mas a minha alma não é azul com um “F” branco estampado nela, tampouco frases que eu nem sei quem escreveu, mas que postaria para pagar de um intelectual patético da geração virtual.
Levante a sua cabeça do celular um pouco, respire o ar a sua volta e pare de viver a vida de seus perfis, de suas mentiras brancas que constroem uma pessoa que só não existe. Não sei você, mas já há um tempo que eu cansei de me comparar ou ansiar ser como pessoas que são meras colchas de retalhos falsos e desgastados, carcaças com olhos vazios. Eu sou eu, e pouco a pouco me conheço e me aceito mais.
A vida é mais do que a realidade virtual que construímos, com nossa falsa sensação de controle sobre uma vida que não é real. Pessoas perfeitas não existem então não se contorça e se molde para tentar ser uma. E no fim deste texto sem propósito ou moral profunda, perdura a pergunta nesta nuvem tóxica e opaca em que vivemos: quem é você?