Belo Horizonte, MG 20/1/2022 – Falta de tudo, não tem copo e prato nas locadoras, não se encontram flores, bebidas e equipamentos de som. Os profissionais especializados desapareceram!
Presidente da Abrafesta, Ricardo Dias, comenta a escassez de produtos para suprir as demandas e a falta de profissionais especializados.
A retomada das atividades no setor de eventos, no início deste ano, está com “temperatura máxima”. Com agendas lotadas, as empresas não notaram apenas aquecimento, mas uma imensa disputa por seus serviços. Conforme o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Eventos (Abrape), Doreni Caramori Júnior, a expectativa para os próximos doze meses é de que 100% da programação volte a acontecer de maneira semelhante ou ainda melhor do que o patamar registrado no período pré-pandemia. E o motivo para tanto otimismo vai ao encontro dos dados cada vez mais positivos sobre a imunização da população.
Em setembro de 2021, Tiago Ferreira, CEO da MeEventos — uma startup de tecnologia do setor de eventos que disponibiliza uma ferramenta de gestão em nuvem —, já falava a respeito da elevação no número de pedidos de orçamento, verificada a partir da análise dos números gerados pelos mais de 1.500 usuários da plataforma. Poucos meses depois, já é possível constatar a confirmação da previsão, impulsionada principalmente pelo mercado de casamentos.
Com muitas empresas de portas fechadas, de acordo com a Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta), de 30% a 40% dos eventos agendados no ano passado foram transferidos para 2022. Agora, com a demanda altíssima, a promessa é que haja uma compensação rápida para as perdas provocadas pela quase total parada do segmento.
Entretanto, a notícia bastante favorável trouxe consigo um problema a ser resolvido com bastante urgência: a escassez de profissionais no mercado. Reflexo de quase dois anos de pandemia, com quase 450 mil dispensas dos empregos segundo a Abrape, a migração da mão de obra para outras áreas foi inevitável.
Em entrevista concedida ao portal G1, o presidente da Abrafesta, Ricardo Dias, mostrou-se bastante preocupado: “Falta de tudo, não tem copo e prato nas locadoras, não se encontram flores, bebidas e equipamentos de som. Mais que isso, os profissionais especializados desapareceram”, revelou.
Contratação sem seguranças trabalhistas é uma barreira
O mercado de eventos costuma contratar sob demanda, gerando muitas incertezas aos profissionais. Conforme manifestou o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Eventos, Joelcirney Klimaschewsk, a falta de regulamentação do mercado de trabalho pode ser um dos grandes motivos para a escassez. “As pessoas querem segurança, carteira assinada e o mercado trabalha muito com a terceirização, a contratação temporária”, declarou.
Uma saída pode estar no investimento em capacitação. Junto ao governo de São Paulo, a Abrafesta criou às pressas um programa para treinar rapidamente novos profissionais, priorizando uma abordagem prática. Diante desse exemplo, é possível que outros estados adotem medidas semelhantes.
Flexibilização ajudou na retomada
A pesquisa realizada em setembro pela MeEventos registrou um crescimento de 20% na procura por serviços de eventos entre maio e junho de 2021. Após julho, quando houve uma flexibilização maior no Brasil, foi possível verificar que a procura por produtos e serviços relacionados à realização de eventos cresceu mais de 80%, próximo aos mesmos níveis de 2019.
Com mais de 20 anos de experiência no mercado de eventos, o presidente da Abrafesta disse nunca ter visto nada parecido em termos de solicitações de orçamentos. “As pessoas querem recebê-los para datas daqui a quatro dias”, comentou Dias. Caso as empresas não resolvam logo a crise com a organização das equipes, ou não encontrem uma solução alternativa, é provável que nos próximos tempos comecem a existir novos prejuízos.
Website: //meeventos.com.br/