São Paulo 31/3/2022 – As empresas normalmente não dão tanta importância aos desafios crescentes gerados pelas mudanças climáticas.
Quanto mais equilibrado estiver o ecossistema, menos impacto a sociedade vai sentir em relação às mudanças climáticas.
Com um dos ecossistemas mais diversos do planeta, o Brasil está no centro da discussão mundial sobre a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento sustentável.
Pesquisa realizada no ano de 2021 pelo Instituto FSB concluiu que 79% das empresas brasileiras consideram as questões socioambientais relevantes e as incluem nas estratégias de negócios. “No entanto, a porcentagem caiu para 31% quando essas questões se transformaram em metas e, ainda, para somente 15,5% quando o assunto é a conexão dessas metas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, enfatiza Vininha F. Carvalho, editora da Revista Ecotour News (www.revistaecotour.news).
As empresas normalmente não dão tanta importância aos desafios crescentes gerados pelas mudanças climáticas.
Em todo o mundo, os eventos meteorológicos provocaram um prejuízo estimado de 2,5 trilhões de dólares em danos entre 2011 e 2020, 50% mais que na década anterior. Esses eventos afetam as organizações de diferentes maneiras, por exemplo, com a interrupção de operações, falhas em serviços públicos, na de cadeia de suprimentos, danos de ativos e perda de estoques, entre outros.
Diante desse contexto crítico, o professor do Departamento de Ecologia da UnB e ex-secretário executivo da convenção sobre biodiversidade da ONU, Braulio Dias afirma ser necessário mudar as políticas de incentivos econômicos, subsídios e isenções fiscais que não estejam alinhadas à sustentabilidade. “Temos que ampliar o imposto territorial rural, que é muito baixo, ampliar e monitorar a aplicação do ICMS ecológico nos estados e criar uma lei de incentivo ao meio ambiente, como ocorre em outros países, como EUA, Argentina e Peru. O sistema financeiro deve ampliar as exigências ESG nos empréstimos e investimentos”.
Pesquisadores brasileiros publicaram um artigo científico na revista Peerj comunicando a descoberta de sete novas espécies de minúsculos sapos endêmicos da Mata Atlântica e que habitam as montanhas da Serra do Mar, entre Paraná e Santa Catarina. Segundo o relato os animais são altamente sensíveis às mudanças climáticas e já são considerados ameaçados de extinção.
“O estudo revelando que a extinção local da biodiversidade motivada pelas mudanças climáticas é importante para se reavaliar as políticas de conservação no Brasil, considerando áreas até então ignoradas como morros e montanhas que formam ecossistemas localizados contendo espécies animais e vegetais endêmicas e de distribuição restrita”, pontua Vininha F. Carvalho.
O Sistema Nacional de Fomento (SNF), composto por bancos de desenvolvimento, agências de fomento e cooperativas, têm um papel fundamental no financiamento à biodiversidade. “Estudamos 101 mecanismos que têm potencial de ser aplicados na bioeconomia que já existem. Grande parte desses mecanismos são financiados através de bancos de desenvolvimento e destes 53 já atuam com bioeconomia. O crédito privado ainda é muito pequeno e restrito”, destacou a coordenadora do Projeto Piloto Floresta + Amazônia do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Susan Seehusen.
“As alterações climáticas não são apenas consequências que deixaremos apenas para as futuras gerações. A distância da meta reflete que ainda é preciso somar muitos esforços. Pensar em ações de adaptação para enfrentar as mudanças que já ocorrem são essenciais, assim como políticas eficientes capazes de frear o aquecimento global para garantir a sobrevivência de todas as espécies no planeta”, conclui Vininha F. Carvalho.
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