Fundo de apoio transforma mulheres negras e indígenas em empreendedoras

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    São Paulo 12/8/2021 –

    Com esse aporte, mulheres negras e indígenas podem conquistar o seu espaço profissional, resgatando dignidade e autoestima

    Criado em meio à crise econômica intensificada pela pandemia do coronavírus, um projeto criado por mulheres do interior de São Paulo arrecada doações para transferência de renda tanto na capital quanto em outras cidades do interior, como Hortolândia, Sumaré, Americana e Paulínia. A iniciativa é recente. Lançado em setembro de 2020, já soma mais de 270 doadores recorrentes cadastrados. Também já recebeu mais de 200 inscrições e beneficiou mais de 10 mulheres.

    O Fundo Agbara tem como premissa a elaboração de ações contínuas e cotidianas de combate efetivo do racismo institucional e estrutural. Também atua para ajudar as mulheres a serem independentes e conseguirem se libertar de relações abusivas e ciclos de violência.

    Diretora-executiva e uma das fundadoras do fundo, a educadora Aline Odara afirma que a organização fornece algumas assessorias. “Estamos cadastrando parceiros que queiram oferecer assessorias dos mais diversos tipos. E, para depois da pandemia, temos feito uma reserva financeira para preparar cursos de aprimoramento para essas mulheres”, salienta.

    Outra fundadora, a publicitária Fabiana Aguiar acrescenta que a iniciativa abrange também o sentimento de acolhimento e apoio trazido pela rede.

    Afroempreendedorismo

    Em torno de 40% das pessoas negras adultas são empreendedoras no Brasil. Estas, por sua vez, podem se autoidentificar como afroempreendedoras.

    O afroempreendedorismo no Brasil, apesar de ser uma estratégia bem antiga de sobrevivência das pessoas negras – há registros que datam de antes da abolição da escravidão -, não obedece às mesmas dinâmicas do empreendedorismo praticado por pessoas brancas e isso tem raízes históricas.

    Após mais de 130 anos do fim da escravidão, pessoas negras ocupam os piores postos de trabalho e ganham os piores salários: 67% de negros no Brasil recebem até 1,5 salário mínimo. Nesse ritmo, a igualdade salarial entre brancos e negros no Brasil só será possível em 2089.

    Esses elementos contribuem para que a maioria dos afroempreendedores sejam pessoas que empreendem por necessidade e não por desejo de se dedicar a algo que domina. Considerando ainda que o índice de escolaridade da população negra no Brasil é mais baixo do que o da população branca, muitos afroempreendimentos acabam tendo vida curta.

    Entretanto, a movimentação de afroempreendedores tem apresentado características diferenciadas. Um sinal disto é a percepção que empreendedores negros podem desenvolver a partir das necessidades de sua própria comunidade, considerando especificidades de consumo.

    Em segundo lugar, o afroempreendedorismo promove iniciativas de organização em rede, tais como o Black Money, que busca agregar valor à atividade empresária de pessoas negras, como o fortalecimento da comunidade negra e o uso da movimentação financeira como estratégia de combate ao racismo estrutural.

    Como receber o apoio ou ser um doador

    Para concorrer aos aportes financeiros ou assessorias técnicas, as interessadas negras ou indígenas devem realizar a inscrição no site da entidade. Quem quiser ser apoiador e fazer doações ao fundo, também deve fazê-lo pelo site.

    Mais informações: //fundoagbara.org.br/.

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