O desafio de campanhas sociais no Brasil de hoje

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    Nos próximos dias 09 e 10 de novembro, a AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente) em parceria com o SBT, realizará a 21ª edição da maratona “Teleton”, em prol de recursos para continuar os seus trabalhos com as nove unidades que possui pelo país. Em tempos do conservadorismo e do recente conturbado cenário político e extremismo, o desafio é ainda maior.

    Em campanhas como esta, o “Criança Esperança” e tantas outras que alcancem ou não o âmbito da televisão, por muitas vezes pode sofrer “respingos” por consequência política, seja pelo posicionamento que a emissora em que é veiculada adota, pelos artistas e personalidades que ali participam e até mesmo a finalidade do projeto.

    Em agosto, por exemplo, a Rede Globo realizou mais uma edição do seu projeto social, que foi idealizado por Renato Aragão e sua antiga trupe “Os Trapalhões” nos anos 80. Dentre os artistas em destaque, estava a atriz Leandra Leal, defensora da descriminalização do aborto, um tema polêmico. Por estar à frente de uma campanha que luta pela sobrevivência, igualdade e inclusão de crianças e adolescentes, a global foi altamente criticada pela sua “contradição” e uma corrente de boicote se espalhou pelas redes sociais. Ao final, o “Criança Esperança” arrecadou cerca de R$17,7 milhões.

    O próximo a ser desafiado nesse cenário é o projeto social veiculado pela emissora de Silvio Santos. Há poucos dias da vitória de Jair Bolsonaro e com um país ainda dividido entre extremos, a edição deste ano sai em busca de uma audaciosa meta de R$30 milhões. Com convidados publicamente apoiadores do presidente eleito e também contrários, certamente em vários momento surgirão nas redes sociais comentários repudiando tal artista e (espero estar enganado), recusas para ajuda à campanha.

    Não bastando esse imbróglio, o SBT, por ordem de seu dono, passou a veicular na última terça (06) campanhas publicitárias de péssimo tom nacionalista, utilizando de slogans associados ao triste período da ditadura militar (1964-1985). Isso faltando apenas 3 dias para o evento. A atitude, claro, causou uma represália ao canal e manifestos em deixar de acompanhar a programação da emissora. Conforme apurado, pouquíssimas pessoas demonstraram sentimento de não apoio ao “Teleton”, recebendo inclusive comentários negativos de associar a peça comercial com o especial de 26 horas.

    O SBT, por meio de nota, se desculpou pelas vinhetas e já retirou a mais polêmica delas do ar. O estrago, entretanto, está feito e esperamos que isso não afete e prejudique o belíssimo trabalho que a AACD realiza há quase 70 anos. Que o bem prevaleça, independente de partido político, de vitoriosos ou derrotados.

    Leia o texto anterior: “A DECADENTE PROGRAMAÇÃO DA RECORDTV”

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